A umbanda na minha vida
Acontece que hoje, pouquíssimo tempo depois da minha
conversão, eu percebo o tanto de engano que eu vivi. E essa palavra – engano –
vai se repetir aqui muitas vezes.
Começando pelo começo, vamos lá: quando iniciei minha vida
escolar, fui para um colégio particular de freiras na minha cidade natal, em
São Paulo.
Eu sentia um fascínio meio estranho pela vida das freiras,
andando para cima e para baixo naquela escola, onde também havia um convento e
uma capela. E já explico o “estranho”.
Dentro de mim, eu achava aquilo tudo lindo. O local sempre
enfeitado das flores mais bonitas, o silêncio, a ordem, o jeito como tudo se
desenvolvia.
Haviam as aulas de religião. Nelas, falava-se muito sobre
vocação. Dentro de mim, eu sentia um desassossego enorme. Porque eu simplesmente
ouvia o chamado de Nossa Senhora, o chamado de Jesus.
Mas ali naqueles momentos eu já enfrentava dificuldades
ocultas, quando o inimigo começa a agir para impedir que as vocações se
concretizem em vida religiosa. E é impressionante como hoje eu vejo isso tudo,
cristalino.
Tudo começou a dar errado num dia que falei para o meu pai
que ele era meu irmão em Cristo. Que somos todos filhos de Deus, e por isso ele
era meu irmão. Aquilo soou como uma bomba na minha casa. E eu me lembro de
ouvir a conversa dele com a minha mãe: “isso não vai dar certo... vamos precisar tirar essa menina dessa escola”.
Depois, foram muitos outros problemas, de ordem mais
prática, quando meu irmão mais novo simplesmente não conseguia se adaptar à
metodologia rígida da escola. E minha mãe foi ficando cada vez mais irritada
com as diferenças que existiam entre o tratamento que ele recebia e o tratamento
que eu recebia. Tudo degringolou quando a escola teve condutas nada éticas
quando tivemos problemas financeiros.
Sim, infelizmente a conduta de um religioso, de uma organização
religiosa, algumas vezes pode não ser pautada pelo amor à Jesus.
Mas este é um tema que eu não vou entrar.
O fato é que a escola e a igreja católica foram demonizadas
dentro da minha casa. Por tudo que aconteceu, e por uma série de eventos tristes
envolvendo parte dos meus ancestrais em Portugal.
A Igreja de Cristo paga pelos erros de membros humanos
pecadores... e como a minha família, é certo que tantas outras se afastam por
motivos semelhantes. Não devia ser assim!
Para sintetizar, aos dez anos, eu tinha sido doutrinada a
pensar que religião era coisa para gente fraca. Que trabalhar duro era a
religião certa. E que Deus não devia ser incomodado com nossas fraquezas. Fui
transferida de escola. E perdi todo vínculo com a fé católica.
Daí por diante foi tristeza em cima de tristeza. E o mais complicado, até pouquíssimo tempo atrás, era que para mim, tratava-se do oposto.
Eu costumava ver a minha jornada de autodescobertas espirituais como uma verdadeira epopeia mística repleta de vitórias e muito
conhecimento. Tudo armadilha do ego. Engano, engano e mais engano.
Aos 10 anos, eu tive meu primeiro contato com aquela que
seria a minha “guia” por todo esse caminho: Iemanjá.
Meus pais tinham uma casa no litoral e nós íamos todo fim de
semana e férias para lá. Eu amava demais, demais mesmo, o mar. Aliás, amo até
hoje, isso não mudou.
Uma vez, perguntei ao meu pai porque os barcos tinham um
nome pintado no casco. E ele me disse que os pescadores faziam aquilo para
identificar as embarcações para que Iemanjá conhecesse cada uma delas pelo
nome. E eu perguntei: “quem é essa?” Ele me disse: é a rainha do mar.
Aquilo me hipnotizou. Eu tinha dentro da minha mente, da
minha alma, que aquela rainha me tinha como uma filha muito querida, porque eu
aprendi a nadar no mar, não em escolinha de natação, e eu sempre me senti
melhor dentro da água, no mar, do que em qualquer outro lugar.
E eu esperava para entrar na água, e conversava com ela: “oi,
senhora... como é bom estar em casa”.
Quando eu tinha 12 ou 13 anos, estreou o filme da Pequena Sereia.
E aquilo foi um baque para mim. Era o que eu queria. Não ser a princesa da
Disney, nem muito menos ter um príncipe, mas eu queria ficar embaixo d’água sem
precisar sair para respirar. Eu queria o oposto, o inverso da princesinha.
Sobre como os desenhos da Disney trabalham para o inimigo...
essa também é uma postagem para mais daqui um tempo...
Conforme os anos foram passando, minha mãe começou a se
identificar com os ensinamentos do kardecismo. Ela nunca foi de frequentar
nenhum lugar, mas gostava de ouvir e conversar sobre a doutrina com uma amiga
muito querida que era adepta.
Minha mãe precisava de respostas. Ela queria entender o
motivo pelo qual meu irmão nasceu como nasceu. E eu acompanhava todas aquelas
conversas dentro do que me era permitido.
Conforme fui crescendo, distante do mar pois a casa foi
vendida, o meu fascínio pela sua “rainha” continuava. Porém, meus traumas só
cresciam. Tornei-me uma típica adolescente patinho feio, gorda e bem bonachona.
Sofria constantemente. E nada me ajudava.
Quando fui chegando perto dos 18 anos, as manifestações “mediúnicas”
começaram a ficar cada vez mais inquietantes. Desde a infância eu “via” coisas,
e sempre fui muito sensível. Aquilo me assustava quando eu tinha 4 anos, mas
depois, passei a me considerar especial por isso. Fui me dando conta que a
curiosidade por “entidades” da umbanda era muito mais interessante do que o
kardecismo.
O kardecismo era chato, para mim. Aquele povo se achando
cientista, falando sobre reencarnação... eu queria mesmo era ouvir o barulho do
tambor. Acender vela. Estar perto das “entidades”.
Lembro do ex-marido dessa amiga querida da minha mãe me dizendo:
“o kardecismo é a evolução da umbanda e do candomblé. Os espíritos evoluídos
percebem que não precisam mais de velas, do barulho do tambor, dessas manifestações
de incorporação”.
Eu pensava: pode até ser, mas eu me sinto bem mesmo é nesse
ambiente. E é nesse ambiente que tem Iemanjá.
Eu era alucinada por Iemanjá. Alucinada.
(perdão, Mãezinha! Hoje sei que era a sua falta na minha
vida... a saudade da Senhora)
Até tentei fazer um curso de “desenvolvimento mediúnico” num
centro kardecista. Eu tinha o tempo toda aquela coisa de “meu espírito precisa
evoluir... eu preciso buscar melhorar” – mas não conseguia dar as costas para a
paixão do tambor batendo e para a figura de Iemanjá.
O fato é que a bagunça só crescia dentro da minha mente e na
minha alma. E eu comecei a buscar cada vez mais longe. Porém nada me preenchia.
Sempre havia esse vazio e eu sempre achava que a resposta estava no centro de
umbanda.
Sempre me gabei por nunca ter sentido medo das “entidades”
de esquerda. Por sempre ter tido com eles um relacionamento de amizade, como se
fossem parceiros de balada.
Com os anos, as “entidades” assumiram o papel de
interventoras diretas. Era como se elas pudessem resolver todos os problemas. E
eu acreditava nisso. Me afastei até de Iemanjá. Era como se tivesse descido
alguns degraus em termos de idolatria.
Não vou citar o nome de nenhuma. Mas eram muitas “entidades”.
E eu adorava conversar e ter com elas um relacionamento devocional. Engano. Engano. Mil vezes engano.
Eu me sentia protegida. Era como se fosse super especial por
estar sob a proteção desta ou daquela “entidade”. E eu me sentia uma alma muito
evoluída por estar nesse nível de entendimento. Acreditava que o bem precisava
do mal para compensar as forças do universo. E que tudo se complementava – e estava
tudo mais que certo. Mais uma vez: engano.
Para dar uma pequena resumida: alguns anos passados, depois
de muito bater a cabeça, eu resolvi frequentar e trabalhar num centro de
umbanda perto da minha casa.
Já havia frequentado a casa algumas vezes e tinha ficado
impressionada com a assertividade dos pais de santo que ali estavam. Eles
tinham falado coisas da minha vida e até da vida do meu marido, que não tinha
como eles saberem – eram as “entidades”. As incorporações eram irrefutáveis,
pensei comigo. Porque àquela altura eu já conseguia identificar quando uma “entidade”
era nada mais nada menos, do que o médium fingindo – porque sim, tem disso.
Então comecei a trabalhar. Caí direto no serviço de
assessorar um médium para anotar os ingredientes e modos de preparo de banhos,
orações, enfim... as instruções que eles dão aos seus consulentes, que têm um
dialeto próprio, bem peculiar. Como já tinha um tempo de contato com a
religião, eu já conhecia alguns dos termos, então conseguia fazer o trabalho.
Ali, eu queria começar numa função muito mais humilde. Estava disposta a
começar limpando, mas a mãe de santo me colocou naquele lugar.
Fato é que eu passei dois fins de semana tentando. E foi
tudo que consegui.
No local, a enxaqueca começava e eu simplesmente não
conseguia fazer nada nos 3 dias que se seguiam ao “trabalho”. Nunca vou
esquecer a sensação. Meu corpo estava berrando: saí daí!
Foi então que eu entendi que aquilo não era para mim,
definitivamente.
Porém, eu continuava com o relacionamento com as “entidades”
em minha casa. Só que a coisa foi se esvaindo, era como se o fogo tivesse
queimado por muito tempo e retorcido tudo que estivesse vivo dentro de mim – e agora
eu precisava morrer para tudo aquilo.
Quero fazer uma pausa aqui para explicar que num determinado
momento, alguns anos antes da minha conversão, eu dei um mergulho muito mais
fundo. Tomei conhecimento de outras práticas além da umbanda. Fui apresentada à
bruxaria e tantas e outras “terapias alternativas”.
Tudo isso eu vou falar em outra postagem. Sei que este texto
será longo e quero pedir desculpas por isso. Mas essa é a vantagem de um blog:
a gente pode falar sem ficar preocupada com o tamanho do texto.
Então aqui eu quero falar sobre como enxergo tudo isso na
visão e no entendimento que tenho hoje. Porque é o desfecho de tudo. E como
tudo se encaixa.
É impressionante como as pessoas estão vivendo suas vidas
sem se dar conta da importância da vida depois de morrermos. Todo mundo quer
saber das coisas do mundo, das coisas do agora. Até mesmo muitos religiosos,
estão preocupados com a obtenção de graças momentâneas. E só isso.
Eu vejo as gerações que vieram antes de mim, na minha
família. Desde onde tive contato, apenas uma pessoa tinha uma vida de oração
ativa: minha bisavó Ana. E ela era execrada por isso. Muitas vezes, minha mãe e
meu pai tentavam convencê-la a “rezar menos” ou “não precisa rezar de joelhos,
reza sentada”.
Rezar, orar, ter uma vida de intimidade com Deus, é algo
extremamente desnecessário para a maioria das pessoas.
E isso é transmitido de pai para filho.
“Você não precisa rezar. Você precisa trabalhar. Cria
vergonha na cara e trabalhe sem cessar. É suficiente”.
Tudo errado.
Mas eu não tenho raiva dos meus pais. De jeito nenhum. Eles fizeram aquilo que foram ensinados e o que estava na mão deles. Deram o melhor que tinham para dar.
A questão aqui é: meu anjo da guarda, esse sim trabalhou
duro esse tempo todo. Porque ele me tirou de cada enrascada, que olha... só por
Deus.
Toda vez que eu achava que estava fazendo uma coisa
excelente, e dali a pouco dava tudo errado. Toda vez que começava um estudo e
passava um tempo, pronto... tudo perdido. Toda vez que passei mal no meio de
uma atividade “religiosa”, para simplesmente não me entregar àquela prática
como deveria.
Meu anjo da guarda não desistiu de mim.
E no meio de tudo isso, Deus foi me dando graças. Mesmo com
minha total ignorância, meu comportamento pavoroso. Eu consegui ser mãe. Com a
ajuda da minha querida Santa Teresinha. Mesmo sem saber nada sobre fé católica,
foi ali que eu busquei o auxílio. E foi dali que ele veio.
E Teresinha nunca foi uma entidade. Ela sempre me dizia “querida...
eu aqui só obedeci à Jesus... e Ele te espera”.
Então Deus permitiu minha total ruína profissional. E hoje,
eu vejo que o plano Dele era absurdo. Foi dessa ruína, que toda a minha família
renasceu em Cristo.
Quando minha empresa começou a falir – apesar de eu tentar reverter
o processo com todas as “entidades” possíveis e imagináveis e elas me dizerem que
nada podia ser feito – só me restou refletir.
Diante de tudo que foi posto na minha cara, eu vi que
nenhum ego de nenhuma “entidade” faz o que Deus não quer que seja feito.
Simplesmente porque nem o demônio faz nada sem a permissão de Deus.
E eu perdendo meu tempo com todas aquelas “entidades” e “deuses”...
um para cada dia do ano, um para cada situação, um para cada humor... sendo que
só existe um caminho, uma Verdade.
Foi quando eu vi que precisava me voltar para meus filhos. O
que eu estava fazendo por eles, afinal? Eu precisava da minha empresa para dar
sustento para eles. Precisava dela, para conseguir pagar a escola para eles.
Uma boa escola.
Foram dias muito difíceis. Tempos onde me vi como a pior
mãe... incapaz de prover a escola dos meus filhos. Me sentia um lixo completo.
Foi então que meu marido, um homem conservador na essência e na alma, veio com uma grande ideia. Uma ideia que mudou nossas vidas para sempre. Foram discursos, posturas e muitas concepções que eu tinha dentro de mim que eu precisei reconstruir. Deus foi se mostrando em doses bem sutis – porém muito eficazes.
Percebi que meus filhos
precisavam de Jesus. Eles já tinham me pedido para frequentar uma igreja.
Tinham vergonha das minhas “práticas espirituais” – pobrezinhos – e tinham um
anseio enorme pelas coisas sagradas.
Num primeiro momento, eu não podia pensar na igreja
católica. Simplesmente por todos os traumas que tinha. Mas acontece que Deus
sempre nos conduz como Ele quer... não como nós pensamos que estamos conduzindo
o processo.
Quero finalizar esta enorme etapa do meu testemunho, te
provocando uma reflexão: quanto você se compromete, ou se comprometeu com a
vida religiosa dos seus filhos? Eles foram criaturinhas que Deus confiou a
você. Como você os auxilia em seu caminho espiritual?
Não cometa o erro que meu pai cometeu, de transmitir a mim e
aos meus irmãos que isso era completamente desnecessário para a vida.
Não cometa o erro que eu cometi. Neguei o batismo aos meus filhos logo que eles nasceram. Graças a Deus, hoje isso está revertido.
Nossos filhos precisam entender desde muito cedo que o mundo é uma armadilha. O mundo é um lugar de prova, onde estamos buscando nossa santificação. Sim, Deus nos quer santos. Quanto mais cedo as crianças aprendem isso, melhor é o caminho para elas.
A nossa vida espiritual, nossa comunhão com Deus, é o tesouro
mais importante que temos. É a passagem, o ticket para a vida eterna! Se você
não transmite isso aos seus filhos, quem vai cuidar deles?
O mundo. Isso mesmo.
E quem comanda as coisas mundanas? Com suas “entidades” e “deuses”
do engano – demônios disfarçados que existem apenas para nos afastar do convívio
com Deus Pai, Seu Filho e seu Espírito?
Se você vive numa religião, mas essa religião não te leva à
Deus... não te faz acreditar que Deus quer você puro, imaculado, pronto para
estar ao lado dele lá na eternidade, meu querido, ou minha querida... você está
preso nas teias do capiroto. Ele te colocou no enredo que você idealizou e
assim, ele te mantém distante de Deus.
Não porque ele gosta de você. Mas porque ele te quer
brinquedinho dele no inferno, por toda eternidade.
Acorde enquanto é tempo! Faça uma oração. E depois outra, e
depois outra. Converse com Deus.
Ele quer você salvo. E seus filhos. E todos os homens.
Seguimos juntos.
Eu aqui, vou escrever... e seguir rezando. Rezando muito.
Porque só rezando eu crio laços com meu Pai. E é só com esses laços que eu vou
chegar ao céu.
Desejo o mesmo para você e toda sua família. De todo coração!
Belo testemunho e texto.
ResponderExcluirObrigada! Venha sempre... Que Nossa Senhora te abençoe!
ExcluirOi. Procura eu no Facebook, se quiser. Gostaria de conversar com você no Universo Católico. Temos mais de 6 mil inscritos e gostaríamos de compartilhar sua experiência.
ResponderExcluirOi Carlos, tudo bem? Eu tenho um Facebook mas não gosto muito daquela plataforma. De toda maneira, pode usar o testemunho. Só me marca para eu ver depois, ok? O importante é que essa história chegue às pessoas... para que todos vejam que até as almas mais pecadoras (como eu) são importantes para Jesus Cristo. Eu gravei o testemunho para isso... não por vaidade... quero apenas ser um instrumento pequenino para que Jesus chegue aos corações do máximo de pessoas possíveis. Que Nossa Senhora abençoe seu apostolado, irmão!
ExcluirMinha querida, sobre a santa missa, voltem a frequentar, mas vão procurando ir em uma pequiá diferente em cada dia pra irem analisando qual é a melhor, enquanto isso tbm rocam a virgem santíssima tbm. Poderão comungar se viverem como irmãos, sem relações sexuais até conseguirem anular o casamento anterior. Façam isso por amor a Jesus sacramentado, Ele quer que vocês o recebam, mas tbm digo q como foram protestantes, agora que voltaram, precisaram ir ao bispo pra fazer uma profissão de fé pública sendo batizados, professar outra doutrina é pecado de apostasia. Fico feliz que a Virgem tenha lhes trazido novamente pra igreja do Filho dela, a igreja está em ruínas novamente, precisamos de novos franciscos de Assis pra restaurarem ela, mas como você já sabe, pode ser que pareça q o mal tenha acabado com a igreja mas por fim o imaculado coração da mãe irá triunfar.
ResponderExcluirObrigada, Valentine. A paz de Nosso Senhor Jesus Cristo!
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